O verbo do lead é que determina o assunto da notícia, revelou-nos hoje Pedro Brinca no primeiro workshop do projeto Jornalismo na Escola, à respetiva equipa de alunos e professores na BE/CRE da Escola Prof.Ruy Luís Gomes.
Durante cerca de hora e meia o trabalho foi intenso. O jornalista falou da pirâmide invertida da notícia, da monotonia frequente dos primeiros parágrafos, da convenção das atas como exemplo de não notícia, da subjetividade no seu tratamento, da relevância dos últimos acontecimentos aos olhos de cada jornalista, do seu discurso necessariamente impessoal, da grande parte das notícias que não são sobre situações inesperadas, mas sobre o que alguém disse ou pensou, do recolher dos dados, da sua seleção, do tratamento.
Formaram-se dois grupos para ensaiar o seu primeiro lead naquele encontro. Em todos os que foram propostos faltou o essencial: os últimos acontecimentos do momento. A cria da disputa ainda descerrou ao de leve uma pálpebra, mas Brinca acalmou-a com mestria. «Só sei que nada sei». Humildade, portanto.
Comentados os diferentes leads, explicou que o Quem não é necessariamente uma pessoa. E exemplificou que: Passos Coelho vai baixar os impostos pode muito bem passar a simplesmente: Impostos vão baixar (com a devida nota de que se dispensam os artigos no caso dos títulos). Entre as palavras mais caras, escolher sempre as mais baratas. Sem baixar demasiado nível ao ponto da grosseria. O jornalista não dá a sua opinião, mas pode dar a opinião dos outros. Não ao vox pop, mas procurando pessoas com representatividade: delegados de turma, alunos da associação de estudantes… A técnica das citações e outras “pontas” ficarão para a próxima.
Para participar no Setúbal na Rede a partir de janeiro é prioritário a presente equipa agendar os temas da atualidade na escola e fora dela, conversar com os colegas, fazer listas de temas atuais e intemporais (a estes depois fazem-se “ganchos” para os puxar).
Pedro Brinca terminou a atividade com a seguinte declaração: “Não venho formar jornalistas, mas bons consumidores de jornais e, sobretudo, bons cidadãos. Obrigado pela paciência.” Será que é assim que se faz uma citação noticiosa?
Os devidos aplausos e agradecimentos.